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Hil Kanpaiak (Campanadas a Muerto)

  • Foto do escritor: Neska bat ✤
    Neska bat ✤
  • 10 de set. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de set. de 2022


Baseado na obra “33 ezkil” (2016) de Miren Gorrotxategi, Hil Kanpaiak (Campanadas a Muerto) é o segundo filme dirigido por Imanol Rayo.

Ele nos apresenta um ambiente opressivo e doentio em que o não dito, as feridas do passado e certos segredos enterrados vêm à tona após a descoberta dos ossos de um cadáver na fazenda Garizmendi e os proprietários, Fermín (Iñigo Aranburu) e Karmen (Itziar Ituño), chamam seu filho Néstor (Eneko Sagardoy), o qual decide comunicar a polícia. No entanto, quando os agentes chegam, os ossos desaparecem. Imediatamente depois, os sinos do cemitério próximo tocam em um sinal de mau presságio anunciando a chegada de acontecimentos trágicos e reabre velhas feridas na família e nas pessoas próximas, especialmente a morte de Aitor, irmão gêmeo de Néstor. Karmen culpa o cunhado Estanis (Asier Hernandez) por tudo e tenta convencer Néstor de que eles serão os próximos e devem fazer alguma coisa.

"Quase como se fosse uma peça gótica com ecos de uma fábula bíblica à la Caim e Abel, mergulhamos nos segredos e brigas em que dois irmãos foram perpetuando ao longo do tempo e a herança maldita que transmitiram aos gêmeos e à sua esposa. Toda uma linhagem amaldiçoada na qual o instinto de morte parece palpitar. O filme é construído em torno de várias linhas do tempo através das quais vamos gradualmente desvendando a densa trama de vingança, ódio e paixão que dominam os personagens que parecem marcados pelo pathos, pelo destino cruel. Usa a encenação mais rigorosa e uma abordagem estética dominada por close-ups, a quietude da câmera e fora da tela". - Beatriz Martínez (El Periódico).

Para amantes de cinema ou não, provavelmente não deve passar despercebido que o filme tem características e uma estética que estamos pouco acostumados a ver, podendo acabar não agradando tanto a maioria do público.


Começando pelo visual, por exemplo, o filme recorre com muita regularidade a close-ups, conforme destaca Mikel Zorrilla (Espinof), para tentar capturar a maior expressividade possível de seus personagens, captar o que eles não estão dizendo e que muitas vezes é mais importante do que o que sai de suas bocas.


Além disso, a filmagem ocorre com "enquadramentos muito estéticos, onde tripé e o plano fixo são marcas do filme. O ritmo também é lento, criando uma densidade que pode nos colocar no lugar do desespero dos personagens. Com esses códigos tão "fechados", o fora da tela torna-se um recurso essencial dentro da linguagem cinematográfica", segundo Jorge Dolz.

"As saudações no filme são feitas através de um plano inverso muito específico, os rostos. São as expressões em planos muito curtos que falam" (Ager Mendieta, Revista Mutaciones).

Podemos observar também que as ações mais violentas acontecem fora da tela, atuando como "um exercício de envolvimento do espectador no espaço e de considerar uma maneira diferente de conceber a ação no cinema, como um mundo expandido para além do quadro", na opinião de Ager Mendieta (Revista Mutaciones).


A obra "transforma os cenários não em mais um personagem, mas em um eco evidente daquele elemento sombrio que sobrevoa a todo momento e ganha peso com o passar dos minutos, até o uso do off-screen que obriga o espectador a terminar de preencher o que acontece em uma cena. Há mais detalhes que revelam a presença de alguém preocupado por trás das câmeras que quer fazer mais do que apenas traduzir o roteiro em imagens" - Mikel Zorrilla (Espinof).

Outro ponto a ser destacado é a sonorização. O filme é bastante dominado pelo silêncio e por pequenos e bem particulares sons como o cacarejar da galinha, os sinos e coros, ou mesmo o vento batendo nas folhas, dando vidas aos personagens e ao ambiente. É como uma espécie de chamado de dentro do filme, na opinião de Ager Mendieta, pois mesmo sendo extradiegético, funciona como a alma interior dos personagens.

"Uma evocação que se mantém ao longo do filme seguindo suas decisões estilísticas particulares: minimalismo e sobriedade na encenação pelo silêncio e crueza no funcionamento da família por meio de sinos e um coro que evoca as grandes tragédias gregas. Mas é nesse som que começa onde se origina a raiz da história, o cacarejar de uma galinha engaiolada, a covardia como forma de repressão. A mística e o simbolismo religioso que criam um microcosmo na casa da fazenda da família" - Ager Mendieta (Revista Mutaciones).

Somado à essas características, temos que a história é apresentada através de fatos do presente e passado, nos levando a entender a história no decorrer do filme.


Todos esses aspectos podem funcionar de forma positiva e negativa, pois "a história pode se tornar difícil de seguir e o espectador acaba se perdendo pelo caminho ou simplesmente se desconectando daquela intensidade que Rayo procura dar ao filme a todo momento". Assim, "em vez de levá-lo adiante, o que ele faz é diluir desnecessariamente a trama interna de seus protagonistas em benefício de construir um quebra-cabeça ambicioso, mas não atraente o suficiente", na opinião de Mikel Zorrilla (Espinof).


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